Catastroika: a privatização da democracia
Os gregos rejeitaram, no domingo, as condições impostas pela comunidade europeia, FMI e o Banco Central Europeu para conceder novos empréstimos ao país. Assim, a Grécia se aproxima de ser o primeiro país a deixar de usar o Euro.
Entender essa situação é bastante complicado, por isso, antes de tirar conclusões baseadas apenas em notícias vinculadas em grandes portais brasileiros, gostaria que você tirasse 1 hora e 27 minutos do seu dia para assistir esse documentário. Criado pelos jornalistas Katerina Kitidi e Aris Hatzistefanou, também responsáveis por “Dividocracia”, o documentário “Catastroika” nos ajuda a entender a ideologia que está por de trás de governos que estrangulam serviços públicos fundamentais para apresentarem, em seguida, a privatização como “mal necessário” e as consequências da austeridade descontrolada que realiza cortes nas medidas sociais e leva apenas a novos ciclos de miséria da população.
Apesar de ser de 2012 seu tema se mantem atual e mostra o caos que consome a Grécia e o porquê de sua população reagir de maneira tão drástica as medidas de austeridade proposta pela comunidade europeia. Apenas para elucidar um pouco mais a situação, o impacto dessas medidas levou o povo grego ao seguinte cenário:
- A taxa de desemprego está em 26%, a mais alta de toda a União Europeia.
- Entre os jovens, esta taxa supera os 60%.
- A taxa de suicídios aumentou 40%.
- Milhões de gregos estão sem abrigo e vivendo abaixo da linha da pobreza.
É assustador pensar nisso, mas é impossível não traçar paralelos com o Brasil. Por aqui vemos medidas de austeridade administrativa (temos um “Chicago boy” como Ministro da Fazenda), capital privado em obras de infraestrutura e logística (rodovias, ferrovias, energia etc.), redução dos direitos trabalhista com a lei da terceirização, pressão para cortes nos direitos sociais e previdências além de diversos outros fatores. Enquanto o povo grego tenta criar um novo horizonte na luta contra a Europa do capital, o Brasil parece se afundar cada vez mais em medidas potencialmente catastróficas que são apoiadas por uma maioria que não busca o conhecimento basico sobre questões essenciais do próprio país.