Crítica Pantera Negra: um novo mundo para os filmes de super-herói

Pantera Negra sentado no Trono

Antes de qualquer coisa, acho que poucos filmes tem tanto haver com sua trilha sonora quanto este, por isso gostaria que você desse play na playlist lá no fim da matéria para entrar no clima da nossa crítica do filme Pantera Negra.

Agora sim, vamos ao que interessa: ao lado de Guardiões da Galaxia, esse é o maior acerto da Marvel em seu universo cinematográfico. Ela abre 2018 com uma produção impecável com muita representatividade e que sobe bastante o sarrafo para os próximos lançamentos da produtora no ano.

O que torna o filme tão marcante é que, apesar de ser uma excelente produção do gênero com direito a lutas espetaculares, perseguições e tudo mais que se espera ele traz o aspecto social para o centro da história. Como recentemente afirmou Rafael Araújo, professor de história e de relações internacionais do Instituto Federal de Sergipe, a má distribuição de renda a longo prazo levará a barbárie. E não é necessário se esforçar muito para saber que os maiores prejudicados por essa má distribuição de riquezas é a população negra. É com base nessa premissa que a história se desenvolve.

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Logo no início do filme, somos apresentados a Wakanda, o reino tecnológico onde vive T’Challa (Chadwick Boseman) o personagem central da história. Uma mistura de rituais tribais africanos com alta tecnologia (o que produz uma experiência marcante para quem puder assistir o filme em 3D em tela IMAX), o reino possui cinco tribos que se uniram para conviver em paz sobre o governo do rei Pantera Negra, a representação terrestre do Deus Pantera. Por tradição, o rei ingere as ervas coração que lhe concedem o pacote completo de super-herói: força, agilidade e resistência sobre humanos.

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Aqui um breve parênteses para contextualizar os novos fãs do personagem de sua importância nos quadrinhos: o Pantera Negra é o primeiro herói negro da Marvel e foi criado em 1966, no auge das lutas do movimento negro e apenas alguns meses antes da criação do Partido dos Panteras Negras. O BPP era uma organização de esquerda que pregava a luta direta pelo direito dos negros nos Estados Unidos. O Pantera Negra era uma representação dos jovens negros nesse universo de homens brancos que lutavam com cuecas por cima das calças.

No filme, enquanto T’Challa pende mais para um lado de união e aproximação a linha de Martin Luther King, o vilão Erik Killmonger segue mais o que pregava o Partido dos Panteras Negras. E aqui temos que nos render a Michael B. Jordan, pois desde Loki no 1º Thor não temos um vilão tão bom nos filmes da Marvel. Depois do fracasso gigantesco de Quarteto Fantástico, o ator merecia a redenção que alcançou nesse filme. Um vilão movido pelo raiva de tudo que ele e a população negra de modo geral sofre ao redor do mundo. Se Wakanda tem tecnologia para cuidar de todos, porque só cuida dos seus? O que torna a população do país tão melhor do que a do resto do mundo? Essas são questões que em algumas partes do filme fazem o espectador torcer pelo vilão.

Outro grande acerto do filme foi o papel das mulheres nele e na sociedade de Wakanda. Aqui elas são lutadoras, cientistas, líderes políticas e, o mais importante, fundamentais para o desenvolvimento da história. Algo bem diferente da maioria das personagens femininas da Marvel, não é? Destaque especial para os papéis das atrizes Lupita Nyong’o (Nakia), Danai Gurira (Okoye), Letitia Wright (Shuri) e Angela Bassett (Ramonda).

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Não vou entrar muito a fundo na história para evitar spoilers que possam estragar sua experiência com o filme, mas posso dizer que Pantera Negra disputa com Batman: O Cavaleiro das Trevas o título de o melhor filme do gênero. Tudo nele se encaixa perfeitamente como em nenhuma outra produção da Marvel. E, o mais importante, ele e abre um novo caminho para os filme de heróis até então muito focado no universo fantástico onde homens e mulheres podem voar e disparar raios pelas mãos e pouco conectado com questões atuais que precisam e muito ser discutidas.

Agora é aguardar para ver se essa será uma produção isolada ou um novo caminho para os já batidos filmes de super-heróis. Longa vida ao rei Pantera Negra!

Se é fã de Netflix e gostaria de saber o que há de melhor no catálogo escolha está lista aqui. Chega de ficar horas procurando algum filme interessante e acabar vendo mais um episódio de alguma série!

Leo Cruz

Especialista em criar aquilo que um dia você vai procurar no Google. Fã de Filmes, Séries e Animes, escreve diariamente no Deveserisso.