Esú é a obra mais visceral do ano, obrigado Baco Exu do Blues

Baco Exu do Blues

Fazendo jus ao nome do orixá, Baco Exu do Blues abre os caminhos, transporta as mensagens e através de rimas sujas, pesadas e extremamente satíricas entrega mais questionamentos que respostas. Talvez seja a melhor característica presente na lírica desse baiano.

Em Esú, a riqueza da prosa e qualidade extrema na produção dos beats e inserção dos samples são pontuais para engrandecer um trabalho esperado de um dos mais importantes representantes da nova geração do rap nacional.

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Baco Exu do Blues – Esú

Baco Exu do Blues - Intro [part. KL Jay] (Faixa 01)

Uma taça de cristal cheia de água da pia. O que tem dentro é o mais importante, é vital, mas sem um recipiente bem talhado, pouca gente dá atenção. Pode ser o contrário, um copo sujo cheio de água limpa. Pra matar a sede precisa entender o conteúdo. O peso do mundo e dos versos mais sujos e diretos colocados sem medo algum de qualquer mal entendido. Desde a apresentação da capa, já havia a certeza de que o conteúdo seria visceral e pontuado sem nenhum espaço para afagos. E nenhuma falsa modéstia nas linhas.

Um autorretrato pintado numa tela coberta por referências pessoais. Os samples, os beats e a composição de cada flow é direcionado por um caminho conhecido. A impressão do álbum completo é de um manifesto particular sobre a maneira de encarar o mundo. Entre as virtudes e imperfeições, a sabedoria em escolher seu próprio lugar deu o poder para que ‘Esú’ transcendesse o rap.

É muito mais, vai além do ritmo, da poesia e da política. Não queria me repetir, mas é impossível enxergar o contexto sem visualizar um manifesto. Todos os componentes presentes instigam à reflexão. Provocações acerca do sincretismo religioso, musical e desigualdade entre relações pessoais em todos os níveis permeiam cada trecho do que Baco Exu do Blues sintetizou nas dez faixas de Esú.

Ainda vai demorar para que tudo desenhado ali seja decifrado, talvez o álbum mais revolucionário lançado em muito tempo. Não tenho coragem de rotular em um gênero e enquadrar em uma prateleira musical. Eu sei, emocionei. Mas música não é isso também?

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