Dublado ou legendado: quem ganha?
Por Maria Gabriela
Colunista Convidada
Fonte: Fidelity
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A escolha de um filme ou série para assistir costuma levar alguns minutos, seja no cinema, no celular ou em frente à tela da televisão, principalmente quando há mais de uma pessoa envolvida. Essa, porém, não é a última decisão, já que também é preciso escolher entre dublado ou legendado.
A disputa, tão icônica quanto Palmeiras ou Corinthians, Coca-Cola ou Pepsi, Android ou iOS e outros exemplos de rivalidade espalhados pelo mundo, pode levar mais um bom tempo, mas você saberia dizer qual das opções realmente é a preferida?
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Para acabar com a dúvida na questão quantitativa, há estatísticas que mostram a preferência da maioria da população e que, por sua vez, ajuda a movimentar a indústria do entretenimento.
Qual é o preferido dos brasileiros: dublado ou legendado?
Dublado. É isso o que mostrou um levantamento feito pelo portal Filme B, responsável pela coleta de dados da indústria cinematográfica brasileira.
No ano de 2014, 59% das pessoas que foram ao cinema assistiram a filmes dublados, enquanto 28% recorreram às sessões legendadas. O restante, 13%, assistiu a filmes brasileiros, que não se enquadram em nenhuma das definições.
Outro ponto interessante é que as versões dubladas representaram 57% da renda das bilheterias brasileiras no ano, contra 32% dos filmes legendados e 11% dos nacionais, ou seja, mais da metade do faturamento vem dos filmes com dublagem brasileira.
O levantamento trouxe números concretos, mas já era possível perceber uma movimentação desse tipo no ano de 2013, quando “Jogos Vorazes: Em Chamas” teve 65% de suas exibições no cinema dubladas, ou seja, quase o dobro do que as legendadas.
Alguns filmes se destacam ainda mais em relação às dublagens, em especial os infantis, sejam animações ou não. O filme “Rio 2” teve esmagadoras 99,7% das sessões dubladas, número que foi de 88% para “As Tartarugas Ninja” e de 77% para “Malévola”.
Essa tendência, porém, não era tão forte antigamente, já que as dublagens ficavam quase que restritas às produções infantis, diferente do que existe hoje, onde praticamente todos os filmes possuem uma versão com áudio em português.
O mercado russo de dublagem
Quem entende sobre dublagens sabe que a Rússia é um país peculiar e importante para o assunto, o que não acontece por acaso, mas sim por motivos históricos.
É comum a dublagem de filmes, programas de TV e séries em russo, embora a técnica mais utilizada seja a de voice-over, recorrente em documentários aqui no Brasil, onde a voz original é mantida em um volume reduzido e a dublagem se sobrepõe.
A técnica de voice-over foi criada por volta de 1980 na União Soviética, com influência direta da queda do regime comunista, o que permitiu a chegada de filmes estrangeiros de sucesso, os quais eram censurados até então.
Tais filmes já chegavam em cópias de baixa qualidade, quase como vídeos feitos em casa, o que resultava em uma dublagem limitada, com frases que não casavam com o tempo do vídeo e interpretações nem sempre condizentes com o conteúdo, já que costumava haver apenas um dublador, o qual não costumava ter a entonação do áudio original.
Isso dificultava a compreensão do que realmente estava acontecendo nas cenas, mas, por outro lado, se transformou em um elemento importante para a cultura do entretenimento do país russo. Até hoje, inclusive, é possível ver dublagens feitas com voice-over, embora com equipes de dubladores e equipamentos de qualidade.
E os conteúdos legendados?
Pois bem, mesmo com números tão positivos para os filmes, séries e programas dublados, as opções legendadas ainda devem se manter no mercado por tempo indeterminado, já que muitos espectadores preferem a modalidade.
Isso acontece, principalmente, por se manter a originalidade do conteúdo, como a entonação utilizada pelo ator em uma cena importante, a qual pode ter sido regravada dezenas de vezes até que chegasse ao que o diretor tinha planejado.
O talento de atuação é ressaltado nos conteúdos legendados, bem como sua ambientação. É difícil imaginar determinados filmes em outros idiomas, como uma produção sobre samurais que não esteja em japonês ou uma obra de Godard que não esteja em francês.
Também há casos em que existe um contraste entre o idioma de ambientação e aquele que é falado pelos personagens do filme. Imagine uma série em que uma família norte-americana se mude para a China sem saber nada do idioma: a “confusão” pode fazer parte do roteiro.
Essas são experiências que fazem com que muitas pessoas tenham preferência pelas legendas, mesmo que o processo de assistir possa ser, teoricamente, mais complicado do que em conteúdos dublados.
Afinal de contas, qual é a melhor opção?
Não há como definir, já que isso passa pela preferência de quem consome o conteúdo. Algumas pessoas preferem a dublagem, enquanto outras a legendagem, e ambas técnicas são fundamentais para a indústria do entretenimento.
Há pontos fortes em cada uma delas, os quais são apreciados por diferentes grupos de pessoas. Na dublagem, por exemplo, há mais conforto e praticidade para assistir ao conteúdo, além de permitir que o espectador mantenha sua atenção na trama.
As legendas, por sua vez, permitem que se mantenha a originalidade daquele conteúdo em relação ao áudio, além de as traduções costumarem ser mais precisas, já que não é preciso se preocupar com o encaixe da voz no movimento dos personagens, o que possui uma grande influência.
Seria até injusto para com o outro grupo declarar um vencedor, já que ambas modalidades são importantes para a disseminação do entretenimento da forma que conhecemos hoje. Além disso, felizmente, muitos filmes, séries e programas costumam oferecer as duas opções aos espectadores.
O que se pode afirmar com convicção é que as duas modalidades precisam do trabalho de uma empresa de tradução, de modo que o conteúdo original seja analisado e vertido para outros idiomas. A dublagem está disponível para quem gosta, as legendas também e, assim, todos podem consumir os conteúdos que desejam em sua forma preferida.