Dumbo | Um filme mágico e encantador

Antes de mais nada, eu preciso admitir que esta é uma resenha com uma certa pitada sentimental, pois amo Dumbo desde pequenininha e simplesmente decidi amar o filme antes mesmo de o assistir.

Mas que história é essa?

Caso você não tenha tido uma infância feliz e não conheça essa história, aqui vai um resumão do clássico. Dumbo é uma animação da Disney, dos anos 40, sobre um elefantinho de circo que tem imensas orelhas.

Por conta disso, ele sofre bullying de todos os outros elefantes, e acaba virando palhaço na trupe, o que é motivo de vergonha. Numa tentativa de defender a cria, a mãe de Dumbo, acaba sendo violenta e fica presa numa jaula, e essa separação deles é uma das coisas mais tristes do mundo das animações.

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Sozinho, o elefante faz amizade com Timóteo, um ratinho inteligente que o ajuda. Enfim, acontece que, depois de uma noite de bebedeiras (sim, eles ficam bêbados num filme infantil; se você achava os anos 80 sem noção é porque não analisou as décadas anteriores), Dumbo percebe que é capaz de voar com seus orelhões. Assim, em uma das apresentações ele surpreende a todos com um belo voo, o dono do circo fica rico, e Dumbo e a mãe ganham um vagão só para eles no trem do circo e todos vivem felizes para sempre. Fim.

E o filme é igual?

Mais ou menos. Nessa adaptação, os animais não falam, e todas as ações ficam com os humanos mesmo. Fora isso, há o dedinho de Tim Burton aqui e, assim como ele fez em A Fantástica Fábrica de Chocolates, ele acrescenta mais assuntos na história. Eu gosto bastante dessa proposta, dessa coragem que ele tem de mexer nos clássicos.

No filme, quem ajuda Dumbo são duas crianças do circo e o grande drama real é sua separação de sua mãe, com um toque crítico à exploração de animais e descaso com a vida, inclusive humana, em nome do lucro.

Começamos o filme e logo já temos um Dumbo desengonçado e orelhudo, o dono do circo acredita que ele não agradaria o público, por causa das orelhas e o coloca como palhaço. O público de fato reage mal, e Senhora Jumbo – a mãe – tem a mesma reação de tentar protegê-lo e acaba presa. Mas além disso, ela é também vendida a outro lugar.

Comovidos com a situação, as duas crianças se aproximam de Dumbo e percebem que ele pode voar. Planejam então treiná-lo, para que com o dinheiro das apresentações, o dono do circo possa comprar Senhora Jumbo de volta. E essa é a motivação de Dumbo, que apesar de não falar, reage como quem entende tudo o que lhe é dito.

Até que Dumbo voa durante uma apresentação e vira o maior sucesso. E aqui começa a parte “nova” da história.

Entra em cena o “vilão” do filme. Um cara rico que tem um grande parque de diversões e compra o circo para se apresentar em seu parque, com interesse, claro, em Dumbo. E aqui começam as sequências de atitudes babacas, descasos com a vida humana e animal, o poder que o dinheiro compra, a exploração animal, o desprezo pelas pessoas, o aprendizado do que vale a pena na vida e assim por diante…

Mas é bom?

É sim, bastante divertido, uma lindeza só. Tem defeitos? Claro. O filme, apesar de propor uma reflexão, o faz de forma superficial e a resolução dos problemas são fáceis, com uso de coincidências a favor e saídas simples. A própria separação do Dumbo e da mãe é um pouco forçada, pois nitidamente a melhor opção seria mantê-los juntos e até mesmo, as orelhas grandes não teriam “desqualificado” um filhotinho para se apresentar. Além disso, o vilão tem atitudes maldosas gratuitas, só para reforçar que “ele é ruim”.

É como se o filme não quisesse nos deixar esquecer de que estamos falando de um elefante voador e isso é uma história para crianças rsrs.

Mas isso nem de longe é problema. O filme é uma lindeza só em todos os sentidos. É gostosa a aventura em que todos se envolvem para ajudar Dumbo, existe uma mensagem bacana e o desfecho não poderia ser melhor. Além disso, visualmente é maravilhoso.

Se passa num circo, na década de 40 (algo parecido com isso), com todo aquele estilo Tim Burton, encantador para quem gosta. Eva Green que parece uma pintura de tão linda com aquele figurino meio burlesco… O próprio Dumbo é muito bem feito, com aquelas orelhas caídas e olhões expressivos, a vontade não é outra senão apertar e proteger <3. É tudo um sonho, tudo um grande espetáculo mesmo.

Fora isso, temos os brindes! Ah, os brindes aos fãs antigos estão lá e me deixei arrebatar por eles. Há capricho, quase um carinho, em muitos detalhes. Quando Dumbo nasce, uma cegonha sobrevoa seu alojamento; os meninos que tiram sarro dele no filme têm a mesma caracterização da animação, o detalhe da pena necessária para que Dumbo voe, os artistas cantando quando Dumbo visita a mãe na jaula (na animação, Senhora Jumbo canta para ele e me faz chorar até hoje) e a melhor de todas: a referência à brisa alcoólica da animação, muito psicodélica no desenho, e no filme representada por bolhas de sabão num momento em que Dumbo contempla o show.

O formato dos elefantes, as cores, a música, está tudo lá e foi bem aí que o filme terminou de me ganhar rsrs.

Dumbo não é um filme perfeito (poucos são), mas é mágico e encantador como poucos. Eu sei que eu já estava decidida a amar o filme, mas quer saber? Eu tinha razão rsrs